...não sei para onde vou, mas estou a caminho...

quinta-feira, 25 de junho de 2009







(...) mais um cigarro, e depois outro. Preciso tanto, sabem.
O meu cigarro místico inspira-me e solta-me a língua colada ao céu da boca.
Quando o acendo, é o incêndio, o relampago fulminante: um vulcão no ventre, nas entranhas, um fogo prurificador que sobe (...)
As palavras duram o que dura um cigarro, e o fogo leva tudo (...)
o cigarro foi a unica coisa que trouxe desse passado a que peguei fogo.
Por que será que continuo a ser tentado a acendê-lo, a vê-lo arder, a consumir-sse lentamente, a desaparecer? Por que será que gosto tanto de encher a boca com esse fumo acre e misturar o meu hálito ao dele?
É como aspirar a alma de um ser vivo que morre na ponta dos meus dedos.
É como um amor devastador, um combate íntimo de que só resta o cheiro a queimado e as cinzas acumuladas.
Todas essas recordações (...) mais do que se tivesse mil anos.

(O ouro e a cinza)





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